Em plena campanha eleitoral veio pela ex-esposa, a deputada Federal Iracema Portela, a confirmação da simbiose entre o Senador Ciro Nogueira e o Presidente da República. “O nosso senador Ciro Nogueira agora, não sei se vocês todos sabem, mas ele é considerado o número 5. Vocês estão sabendo disso? É o filho do Bolsonaro número 5”, disse a parlamentar em vídeo gravado durante convenção em Hugo Napoleão.
Agora, esse filho será nomeado Ministro da Casa Civil. É normal, afinal seria o reconhecimento pelos serviços prestados, a dedicação, o antipetismo e a fidelidade do Senador piauiense. Além disso, Jair Bolsonaro precisa de alguém que saiba fazer o meio de campo entre o executivo, o legislativo e o judiciário, coisa que não tem dado certo desde o início do seu mandato. Ciro Nogueira é o homem talhado para esta função, sem dúvida.
O único problema é o que dizem os bastidores do Congresso. A jornalista da GloboNews, Ana Flor, revelou que pessoas próximas ao Senador relataram que a nomeação tem ligação direta com a disputa ao Governo do Piauí. Desde que rompeu com a base aliada do Governador Wellington Dias, Ciro Nogueira colocou-se como o principal opositor que tem como sonho comandar o Estado. Assim, a liberação pelo Ministério da Economia, de um empréstimo de R$ 800 milhões junto ao Banco do Brasil teria sido a gota d’água. O B5 então deu ultimato: “Ele fez chegar a mensagem ao Palácio do Planalto, comunicando que a relação de confiança havia sido quebrada e se encerrava ali a parceria. Em seguida, viajou para o recesso”, informa ela em seu blog no G1.
Com essa zanga restou ao Presidente presentear ao mais novo filho o Ministério e, assim, resolver dois problemas: a insurreição que poderia levar ao rompimento do Centrão e fortalecer o diálogo do executivo entre os poderes. Porém, também o que se diz nos bastidores é que Nogueira teria intenção de barrar o empréstimo ao Estado. Seria possível? No caso dos R$ 800 milhões a conferir, mas em contratações de créditos futuros ele já tem carta branca.
Por outro lado, Ana Flor diz ainda que assumir o Ministério seria uma “justificativa” para Ciro Nogueira não concorrer ao Governo com Rafael Fonteles (PT), Secretário de Fazenda. Faz sentido, porém o Senador tem reiteradas vezes afirmado que está pronto para comandar o Estado.
No Piauí, lideranças tucanas têm pressionado o Senador a ser cabeça de chapa. O motivo seria a possível debandada de prefeitos, inclusive do Progressistas, para a base de Wellington Dias. No PSDB tem quem afirme que Sílvio Mendes, ex-Prefeito de Teresina, não teria “disposição” para assumir a missão. Os petebistas querem João Vicente Claudino disputando o Governo, mas há desconfiança dos demais partidos de oposição quanto a sua determinação.
Enquanto isso, Rafael Fonteles tem percorrido todo o Estado levado obras e autorizações de licitações e ordens de serviço nas mais diversas áreas para os 224 municípios através do PRO Piauí. O programa, segundo ele, tem em torno de R$ 6 bilhões para investimentos em saúde, educação, mobilidade urbana, estradas e segurança, entre outros setores.
Em julho do ano passado, em plena pandemia, Fonteles anunciou que o Piauí era, naquele momento, o único Estado a zerar a dívida com a União, o que garantiria capacidade de pagamento e endividamento junto ao Tesouro Nacional, além de contratar operações de crédito em bancos sem aval do Governo Federal. Por isso a mesmo a liberação do Ministério da Economia dos R$ 800 milhões.
Não é de estranhar que existe 800 milhões de razões para a zanga do Senador. Por outro lado, sua grandeza se revela em levar obras para vários municípios. Barrar ou simplesmente tentar atrapalhar a chegada de recursos para o Estado apenas por motivos políticos seria apequenar esse trabalho de estadista. Porém, há quem torça e até aposte que o amor filial de Ciro Nogueira pelo Presidente deve jair se apagando a depender do seu histórico e de suas conveniências eleitorais. A disputa está só no começo e o Presidente do Progressistas ainda não jogou a toalha sobre sua candidatura ao Governo. Torçamos que tudo não passe de boato, mas é esperar para ver.
Fonte: Wesslley Sales