Nunca as investigações sobre a tentativa de golpe de estado se aproximaram tanto de Jair Bolsonaro (PL). Nas redes sociais a narrativa é para tentar tirar o ex-Presidente do centro das acusações evidenciadas em um vídeo onde, em uma suposta reunião ministerial, se tratou de tudo, menos de ações administrativas. Até mesmo o General Braga Neto, que foi seu vice na chapa que disputou a Presidência do país, estava presente, apesar de já não fazer mais parte de nenhum Ministério.
Apesar de tentar passar imagem de tranquilidade e negar envolvimento na tentativa de golpe, Bolsonaro começa a ficar acuado. Uma das saídas é tentar mobilizar sua militância e, para isso, divulgou vídeo nas redes sociais convocando apoiadores para no próximo dia 25 participarem de um ato “pacífico” na Avenida Paulista.
“Eu peço a todos vocês que compareçam trajando verde e amarelo e mais do que isso, não tragam compareçam com qualquer faixa ou cartaz contra quem quer que seja. Neste evento eu quero me defender de todas as acusações que tem sido imputada a minha pessoa nesses últimos meses (…). Vocês são as pessoas mais importantes deste evento. Para mostrarmos para o Brasil e para o mundo a nossa união, as nossas preocupações e o que nós queremos: Deus, pátria, família e liberade (…)”, afirmou.
Com passaporte apreendido após ser um dos alvos da Operação Tempus Veritatis deflagrada pela Polícia Federal na última quinta-feira (8), Jair Bolsonaro tentará mostrar a força popular que não teve no dia 8 de janeiro e, talvez tentar escapar de um possível mandado de prisão. Além do vídeo onde foi falado principalmente sobre os rumos da eleição e suas consequências, foi encontrado em seu gabinete na sede do Partido Liberal, uma minuta de Decreto para acionar a GLO (Garantia da Lei e da Ordem) e Estado de Sítio acionando as Forças Armadas. Para isso, era preciso, no entanto, que a invasão da sede dos três poderes, em Brasília, se transformasse em algo maior, o que não acontece.
A questão é, se o inquérito da Polícia Federal concluir sobre a participação direta de Bolsonaro na tentativa de golpe de estado, estaria o Ministro Alexandre de Moraes (STF) disposto a levar em consideração esse "apelo" da militância bolsonarista e se compadecer do ex-Presidente, que já está inelegível pelos próximos oito anos?