O estudante Alex Brasil precisou levar o filho para vacinar contra covid, mas precisou atravessar a cidade. Ele saiu da região do Promorar, na zona Sul, até a UESPI, no bairro Pirajá, zona norte de Teresina. Para piorar, a greve no transporte público atrapalha o deslocamento. O tempo de espera é longo e nem sempre se tem a certeza que poderá contar com o ônibus. A região possui vários pontos que poderia ser usados com base para a imunização que, segundo ele, evitaria esse transtorno.
Semana passada o OPINIÃO E NOTÍCIA publicou uma análise do Doutor Emídio Matos, membro da Sala de Situação UFPI/FIOCRUZ-PI, sobre um estudo que apontou a forma desigual em que as vacinas contra covid estão chegando à população. Na prática, quanto mais na periferia, menos acesso aos imunizantes. Um dos fatores é o problema envolvendo o transporte público na capital.
“É o que a gente verifica nessa distribuição desigual da vacinação em Teresina, sobre tudo na segunda dose. Tem maior número de doses na região central, curiosamente mais próximo do rio Parnaíba. Nas, regiões periféricas, quanto mais você se afasta do centro de Teresina, menor é o número de segundas doses aplicadas. Isso coincide com as vulnerabilidades socioeconômicas da população, onde não se dá condições de acesso para se deslocar aos pontos de vacinação. No momento em que o transporte público de Teresina está caótico, no momento em que a população passa fome, essa população mais vulnerável. Isso dificulta uma cobertura vacinal”, analisa Emílio Matos, doutor em biologia molecular e integrante da Sala de Situação.
O que foi apontado pelo estudo na prática é vivenciado pela população. Se na periferia o acesso aos imunizantes é difícil, na zona rural de Teresina a situação é ainda mais complicada. Quem faz o relato é o Presidente da Associação dos Usuários de Ônibus de Teresina. Para ele, até mesmo os adolescentes estão com dificuldades para vir à cidade.
“O problema no transporte público tem atrapalhado. A partir do momento que há greve, a gente deixa de se locomover para um posto de saúde e locais de vacinação. Hoje a zona rural é a mais prejudicada. Na quinta-feira (4) percorremos em torno de 12 comunidades e elas estão sem oportunidade de vir a cidade trazer adolescentes para vacinar. Na zona rural não tem vacinação. Além da dificuldade no transporte, o adolescente precisa do vale transporte e, claro, o acompanhante também”, destacou José Borges.
Emílio Matos confirmou que a Fundação Municipal de Saúde quer mais detalhes do estudo para poder trabalhar novas estratégias. Uma solução seria abrir postos de vacinação em locais mais próximos, aproveitando as Unidades Básicas de Saúde.
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Fonte: Wesslley Sales