Candidato a pré-candidato ao governo nas próximas eleições, o ex-Prefeito de Teresina, Sílvio Mendes (PSDB), recebeu nesta quinta-feira (21) cinco vereadores em sua residência. O objetivo foi atualizar sobre as andanças da caravana da oposição pelo interior do estado e a repercussão do seu nome nos municípios. O tucano disputa com Iracema Portela (PP) a cabeça de chapa, definição que só deve acontecer no início do ano que vem baseada em pesquisas.
Sílvio Mendes conversou com nossa equipe sobre vários outros temas. Afirmou que está aberto ao diálogo com o Prefeito Dr. Pessoa (MDB), mas que não vai procurar por ele. O tucano falou ainda sobre pesquisas e abriu o verbo sobre a rejeição a João Dória, confirmando que na próxima semana receberá em Teresina o Governador do Rio Grande do Sul, pré-candidato à Presidência da República. Sobre a influência de Bolsonaro, caso seja ele o nome a disputar o Palácio de Karnak, preferiu não polemizar diretamente.
Confira na íntegra a entrevista também em áudio: SILVIO MENDES REUNICAO COM VEREADORES.mp3
ON - Só os vereadores de oposição (ao Palácio da Cidade) foram convidados?
SM - Não. De jeito nenhum. Até o Dr. Pessoa se quiser conversar com a gente, se atualizar. Ele é Prefeito da minha cidade, é o meu Prefeito também. Não somos nem adversários mais porque a eleição passou. Desejo que ele seja bem sucedido em cuidar de Teresina. Nenhum problema. O que passou, passou.
ON - O Senhor vai buscar o Dr. Pessoa para uma conversa como a quem agora com os vereadores, por exemplo?
SM - Não. Isso seria atrevimento meu. Eu sempre tive muito respeito por ele. Ele ganhou a eleição do nosso candidato kléber Montezuma. Eu não faria isso. Seria no mínimo grosseria e eu tenho alguma educação.
ON - Sobre essas viagens que o Senhor tem feito e acompanhado muito a caravana da oposição. Na prática, a aceitação do seu nome é possível observar isso durante essa passagem pelos municípios?
SM - A caravana sim. Os deputados estaduais vão naqueles municípios onde tem representação. Os deputados federais é um universo maior. Quando o Ciro (Nogueira) vai é natural que tenha uma repercussão maior. Em regra geral a gente é bem recebido. Sou médico a 47 anos e encontro muitos pacientes meus, amigos, colegas, pessoas que tem sentimento de mudanças. Esse é o sentimento que a gente percebe. As pessoas, alguns já não acreditam mais em tantas promessas que foram feitas e bem menos cumpridas. Então, a gente não faz promessas. A gente faz compromissos. Nós estamos montando com o que de melhor tem aqui da inteligência do Piauí, professores, profissionais liberais, uma proposta de plano de governo. Ela não vai estar pronta. Quando ficar consolidada será encaminhada aos partidos políticos aliados, temos seis partidos hoje, aos prefeitos, naturalmente os mais interessados e a qualquer cidadão do Piauí que queira um estado diferente. É possível fazer, sem muito esforço. O dinheiro é suficiente. Não precisa tomar empréstimo para os outros pagarem. Na Prefeitura de Teresina eu nunca tomei empréstimo. Paguei as contas sempre em dia, deixei dinheiro para o meu sucessor, no caso o Elmano (Férrer), mais de R$ 100 milhões e saímos com uma aprovação de 92%. Porque? Porque até os adversários concordaram com a forma de fazer. Então, gestão pública tem que ser aquela questão onde você escuta mais, fala menos e atente aquilo que a população deseja como direito dela. Nenhum segredo.
ON - Saiu ontem o resultado de uma pesquisa onde o Senhor está a frente do principal candidato da base, Rafael Fonteles (PT). Essa pesquisa diz muito neste momento ou é só um retrato e tem muito ainda a fazer?
SM - Acho que não. Primeiro que eu não sei ler pesquisa. Tem gente que sabe tendência de cá, para lá. Isso não me preocupa. Claro que é bom saber que há um percentual de intenções à frente, mas isso não causa nenhum abalo ou ansiedade. Pesquisa, dependendo de quem faz, pode ou não ser confiável. Eu não sei quem fez essa. Eu nem vi. Soube por terceiros. Mas, é um retrato de momento. Acho que a tendência das oposições é crescer. Isso a gente sente pelas andanças, é a melhor pesquisa, de olhar e de ouvir. Essa, não vou dizer que tenho certeza porque não tenho bola de cristal, mas é um sentimento que a gente sente. Com certeza vamos aumentar. É o que a gente percebe, mas não tem nenhum método científico para afirmar isso. Não tem ansiedade, as oposições estão unidas, não tem disputa absolutamente nenhuma e é assim que tem que ser feito. Se você aceita e tem disponibilidade para fazer administração pública tem que ter esse entendimento, porque senão é melhor ficar longe.
ON - Essa pesquisa mostra que quando cola a imagem do ex-Presidente Lula no candidato do Governo ele fica com quase 70%. Ela não cita o Senhor ou Iracema Portela diretamente com a imagem de Bolsonaro, mas deixa em aberto como sendo os candidatos de oposição. Caso seja o seu nome escolhido, como o Senhor pensa em não colar essa imagem, já que o PSDB tem um candidato à Presidência. Bolsonaro ajuda ou atrapalha neste momento?
SM - Quando se entra na campanha é natural que você tenha adversários. Eu não tenho inimigo. Tenho adversários muito claros, bem definidos. A questão nacional, o Brasil está sofrendo crises sucessivas nos três poderes, agravadas pela pandemia, onde quase todos como técnicos de futebol viraram cientistas. Então, acho que é preciso ter muita cautela. Mas, o Brasil está dividido. Meu sonho seria encontrar um homem ou uma mulher que tivesse grandeza, estatura de estadista para unir o país. Fui prefeito reeleito sem o governo Federal do PT, era o Presidente Lula. A gente sempre teve bom relacionamento. Ele me conhece pelo nome, quando estava em Teresina, talvez pela proximidade porque tenho muitos amigos no PT. Todo partido tem o lado bom e o que não presta. Então, eu não vou discutir questão nacional. Minha preocupação é o Piauí, que já é muita coisa. Para mim é a última missão da minha vida se isso se consumar e se for uma decisão de Deus e das pessoas. Não preocupação nisso. O Governador de São Paulo, João Dória, que é do meu partido, teve uma certa insistência para conversar pessoalmente comigo. Eu disse que não, que não quero conversar com ele. Primeiro, quer uma conversa sincera ou uma conversa normal? Sincera. Se o Senhor vier aqui, o Senhor me atrapalha. Porque o Senhor tem um defeito grave para mim, a ingratidão. O Senhor foi eleito Governador de São Paulo com ajuda do Alckmim, que provavelmente voltará a ser Governador, do Serra e de outras pessoas que ao longo do tempo fizeram a história política do Brasil. Então, não tenho nada nada para contar para o Senhor. Mas, no dia 29, agora, o Senador Tasso Jereissati me ligou perguntando se a gente receberia o Governador Eduardo Leite. Não o conheço. Ele me ligou algumas vezes, muito educado, atencioso. Procurei saber quem é esse homem? É um bom gestor. Atualizou as finanças do Rio Grande do Sul, que estava muito complicado. Então, ele tem uma visão de gestão que, para mim, é correta. Então, disse ao Senador Tasso que sim, o recebemos. Ele será recebido como alguém que aceita uma missão grande de pacificar o país e fazer um país melhor
Fonte: Wesslley Sales