Com menos de um ano após tomar posse no Senado na vaga de Ciro Nogueira (PP), que assumiu o Ministério da Casa Civil, sua mãe, Eliane Nogueira (PP) apresentou apenas um Projeto de Lei e fez dez discursos. Com dinheiro público já foi duas vezes à Europa, mas é um fenômeno para abocanhar emendas do chamado orçamento secreto. Neste caso, o dinheiro ficou concentrado nas mãos de aliados do Presidente Jair Bolsonaro para serem usados em seus redutos eleitorais e uma pequena parte para oposicionistas. A jornalista associa essa nova modalidade de uso dos recursos públicos ao famoso escândalo dos Anões do Orçamento da década de 90.
As informações estão em uma reportagem especial da revista IstoÉ publicada em versão eletrônica neste final de semana. Com o subtítulo A poderosa Mãe de Ciro, a matéria mostra que em apenas cinco meses Eliane Nogueira destinou R$ 339,2 milhões do orçamento secreto. Acrescenta ainda que “Conforme ofício redigido pela senadora a maior parcela, cerca de R$ 161 milhões, foi destinado ao Ministério da Saúde para investimentos em Atenção Primária e em procedimentos de alta complexidade. A pasta recebeu ainda outras duas transferências - uma de R$ 8.2 milhões para compra de ambulâncias e e outra de R$ 5.6 milhões para para aquisição de veículos e equipamentos. As emendas da mãe de Ciro ainda contemplaram, por exemplo, o DNOCS, o FNDE e os ministérios do Desenvolvimento Regional e da Agricultura, órgãos que estão no centro de suspeitas de corrupção". Nesse campeonato de destinação de emendas, a parlamentar piauiense ficou atrás apenas do relator do orçamento, Márcio Bitar.
A reportagem de Ana Viriato explica que caciques do Centrão fortaleceram o Fundo Nacional de Saúde com R$ 7.4 bilhões através de emendas do relator, que ficou conhecido como orçamento secreto por não ter transparência. Tanto que valores, para onde foram enviados e quem destinou recursos são apenas rascunhos feitos pelos parlamentares após notificação da Mesa Diretora. Só apareceu até agora, segundo a publicação, R$ 11 bilhões, o que corresponde a apenas 30% dos R$ 36.9 bilhões distribuídos ao longo de 2020 e 2021.
“Trata-se de uma nova versão do escândalo dos Anões do Orçamento, agora turbinado e com algumas importantes distinções. Se na década de 90, eram parlamentares do baixo clero os empenhados na manipulação de emendas e no desvio de recursos públicos por meio de entidades sociais fantasmas ou superfaturamentos, hoje a farra tem nomes afinados com a Presidência. Ao todo parlamentares do núcleo duro do Centrão, formado por cinco partidos que dão sustentação ao governo no Congresso – PL, PP, Republicanos, PTB e PSC - indicaram o destino de 50% das emendas informadas ao STF, o que equivale a R$ 5.45 bilhões”.
Fonte: Wesslley Sales