Além da Austrália, apenas o Piauí possuí minas de opala em todo o mundo. São dezenas de minas na cidade de Pedro II que, além de produzir e exportar joias únicas garantem o fortalecimento econômico do município. Porém, na última semana, a exploração do minério virou caso de polícia.
Está em curso uma investigação solicitada pelo Ministério Público sobre uma área de preservação ambiental permanente, algo em torno de 30% de 175 hectares onde funciona uma mineradora de opala e outra parte de lavra, esta última onde acontece a ocupação irregular.
“Há estudos que mostram resquícios de mata atlântica, riachos, encostas de morros e essa invasão está sendo patrocinada por moradores da cidade. São pessoas de classe média, como advogados, servidores públicos, médicos, policiais e algumas ligadas a políticos locais. Resumindo, está acontecendo uma especulação imobiliária”, explica o delegado de Proteção ao Meio Ambiente, Emir Maia.
Durante diligências foram constatados diversos outros crimes, que, neste momento não podem ser revelados para não atrapalhar a investigação. O titular da DPMA disse ainda que parte da área invadida tem um australiano como proprietário e o noruegês Dagbjorn Johnson, que explora a mina de opala.
“Ele deixou a filha e uma ex-esposa em Pedro II. Vale ressaltar que ele tem a posse legal desta terra desde 1987. Mas, um grupo se uniu em uma associação com 70 famílias para invadir a propriedade, onde apenas umas cinco construíram casas de veraneio. Há ainda um agravante, estudos mostram que as encostas de morros podem desabar se não forem feitos arrimos”, alerta o Delegado informando que já existe uma decisão judicial autorizando a reintegração de posse.
DONOS DA TERRA
Com exclusividade ao OPINIÃO E NOTÍCIA a filha de proprietário da mina, Nicole Gray, confirmou que entrou na Justiça para manter o direito à propriedade. Ela explicou ainda que nenhuma das pessoas do grupo de invasores procurou a família para tratar sobre a área. A Associação, composta por umas 70 famílias, pleiteiam em torno de 155 grandes lotes de terra, todos irregulares.
"A área invadida é chamada Mirante 360 e a mina fica logo embaixo, o Garimpo do Boi Morto, onde já houve desmoronamento. Eles invadiram, desmataram e queimaram a ponta do mirante sem sequer nos procurar ou até mesmo saber se teríamos interesse em vender. Neste grupo não há pessoas que necessitem de moradia, é apenas para especulação. Meu pai tem uma liminar de 2004, quando invadiram pela primeira vez e é com base nela que estamos voltando à Justiça para termos nosso direito de posse assegurado”, concluiu Nicole Gray.
Toda a confusão vem desde junho do ano passado e, segundo Nicole Gray, ainda em janeiro de 2021 foi dado entrada em novo pedido de reintegração de posse. Porém, até o momento o juiz do caso não marcou audiência para analisar toda a documentação.
Fonte: Wesslley Sales