Mais de 200 agentes de segurança, entre Polícia Federal, Rodoviária Federal, policiais civis e militares do Distrito Federal e Goiás, além da Força Nacional, serviço de inteligência e tropas de elite. Helicópteros, centenas de viaturas, armas de grosso calibre, cães farejadores e drones, entre outros equipamentos são utilizados para localizar e prender um único homem.
Esta caçada a Lázaro Barbosa, 32 anos, revela que não basta ter um forte aparato policial para se combater o crime. No Piauí, por exemplo, não é novidade que temos metade do efetivo de policiais civis e militares. Muito menos dos problemas de infraestrutura em delegacias e GPMs (Grupamento de Polícia Militar).
Porém, em que pese esta situação, o Piauí se mantém como o Estado menos violento do Norte e Nordeste, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e um dos mais seguros do Brasil (5º lugar) no comparativo entre 2020 e 2019, de acordo com o mais recente Atlas da Violência no que se refere a assassinatos por 100 mil habitantes. De acordo com o Delegado Francisco Costa, o Baretta, Coordenador do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, mais de 80% de mortos por CVLIs no Estado é de pessoas envolvidas na criminalidade.
Porém, o que incomoda o cidadão em seu dia a dia é a chamada sensação de insegurança. O medo de ser vítima de um assalto, cada vez mais frequentes nas ruas até mesmo das menores cidades do Piauí. Aqui entra um outro componente que complica a segurança pública e que se revela também no histórico de Lázaro Barbosa, o serial killer caçado em Goiás. Estamos falando do entra e saí de criminosos das penitenciárias. Mesmo com várias passagens e até mesmo condenações são beneficiados em audiências de custódia e em alguns casos com progressão de pena.
Lázaro Barbosa, por exemplo, foi preso em 2010 por roubo e estupro. Em 2013 foi diagnosticado com problemas psicológicos graves, um “psicopata imprevisível”, revela o laudo. Mesmo assim foi beneficiado em 2014, passando do regime fechado para o semiaberto e em 2016 fugiu do Centro de Progressão Penitenciária. Em 2018 foi preso novamente e condenado por homicídio, fugindo quatro meses depois do Presídio de Águas Lindas de Goiás. Agora, chacinou quatro pessoas da mesma família e está foragido.
Para a polícia combater o crime nestas circunstâncias é “enxugar gelo”. As cadeias estão superlotadas em todo o país. Em crimes de menor potencial o acusado é dispensado na audiência de custódia. Em alguns casos, será monitorado por tornozeleira eletrônica, o que na prática não impede de cometer novos crimes e comandar, às vezes de dentro dos presídios, ações contra a sociedade.
Então, como é que com tanto aparato em número de policiais e equipamentos não se consegue prender um único homem?
A resposta é que combater o crime na mata em Goiás ou na selva de pedra em qualquer cidade do país não é fácil. A legislação não colabora com a sociedade e com os agentes de segurança. O Congresso Nacional deve esta resposta ao país. Faltam investimentos maciços em todos os níveis de governo e um tripé de apoio entre Secretarias de Segurança, Ministério Público e Judiciário. Sem esforço concentrado, não adianta apenas grande efetivo, armas, munição e viaturas. Estaremos todos reféns da violência, tanto quanto as famílias que estiveram sob a mira do revólver do ainda foragido Lázaro Barbosa.
Fonte: Wesslley Sales