Futebol e política sempre caminharam de mãos dadas. Não faltam exemplos de dirigentes que fizeram história nos mais importantes clubes do país enquanto conquistavam mandatos. Eurico Miranda presidiu o Vasco e foi Deputado Federal, caminho trilhado também por Roberto Dinamite, que fez voo mais curto, ficando na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Fernando Collor de Mello foi Presidente do Brasil e cartola do CSA de Alagoas.
A bola da vez começou quando o Governo Federal topou a realização da Copa América no Brasil, depois de Colômbia (crise política) e Argentina (crise sanitária pelo coronavírus) desistirem de sediar os jogos. Financeiramente para o país não há benefícios, uma vez que os jogos não teriam público e com isso renda fantasma. Já a Seleção campeã levaria em torno de R$ 57 milhões. Porém, o grosso do dinheiro com patrocínios ficaria mesmo com a Conmebol.
A comissão técnica, comandada pelo treinador Tite e os jogadores estão “fechados” quanto a decisão de jogar ou não o torneio. O anúncio oficial deve acontecer na próxima terça-feira (8) contra o Paraguai, jogo válido pelas eliminatórias para a Copa do Mundo do Qatar. A afirmação veio pelo capitão do time, Casemiro, logo após a partida onde a Seleção venceu o Equador por 2 a 0.
As hipóteses para o desconforto do Brasil em disputar a Copa América teria sido a ameaça de demissão de Tite, além da pandemia no país. Nem comissão técnica nem os jogadores foram ouvidos antes da CBF e o Governo Federal aceitarem trazer a competição prevista para começar dia 13 de junho. O foco da Seleção tem sido as eliminatórias. É aí que a política começa a entrar em campo e tenta vencer por W x O.
Tite começou a ser hostilizado nas redes sociais. Virou meme e agora é chamado de “comunista” e “antipatriota”. Esses “torcedores” (ou seriam militantes?) pedem sua saída da Seleção Brasileira. A mais pura e barata politicagem. Porque se olharmos para os números, o treinador tem um retrospecto positivo desde que assumiu o comando da Canarinho em 2016. São 38 vitórias em 52 jogos disputados, empatou 10 e sofreu quatro derrotas, a mais difícil de ser esquecida a eliminação para a Bélgica por 2 x 1 na Copa do Mundo da Rússia (2018). Vale lembrar que o aproveitamento nas eliminatórias é de 100%.
Assim, o urro das redes sociais não é de torcedores de futebol e nem reflete o bom momento da Seleção Brasileira nem do seu treinador. Ao que parece a política tenta, mais uma vez, usar a paixão do brasileiro como cortina de fumaça para nossos graves problemas internos e, neste caso, o enfrentamento à pandemia. O “time” que joga à direita do campo defende atacando e, mesmo que o adversário não escolha lado algum, ainda assim será jogado à esquerda. Salve a Seleção.
Fonte: Wesslley Sales