Exatamente em primeiro de fevereiro deste ano o Ministro da Casa Civil afirmou que criticou a comunicação do Governo Federal e defendeu novos rumos para que o Brasil e, sobretudo o Nordeste, pudessem ser melhores informados: “Acho que o Governo tem muitos problemas de comunicação no que diz respeito a mostrar o que fez”, disse em entrevista à CNN.
Talvez por isso, e a partir daí, Ciro Nogueira (PP-PI) tenha ele mesmo usado mais suas redes sociais para “divulgar” o Governo Federal, defender o Presidente Jair Bolsonaro (PL) e atacar adversários, de forma especial Lula e o PT. Com bom discurso e habilidade faz um brilhante trabalho como cabo eleitoral. O problema é quando erra na dose, como na live do último sábado (2).
Se por um lado o Ministro mostrou o constrangedor aumento da pobreza na era Partido dos Trabalhadores (variou de 52,8 milhões para 54,8 milhões de pessoas, segundo o IBGE), por outro, dourou a pílula ao não citar que no Governo Bolsonaro o Brasil registrou recorde de 23 milhões vivendo na pobreza em 2021 desde a série história iniciada em 2016, segundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas.
Ciro Nogueira elogia ainda o “novo” benefício social que distribuirá R$ 600 para famílias inseridas no programa, frente aos R$ 192, em média, do antigo Bolsa Família. O que o Ministro não disse é que Jair Bolsonaro sempre foi contra os programas assistenciais. Em 2010, último ano como Deputado Federal, afirmou: “O Bolsa-farelo (família) vai manter esta turma (PT) no Poder”. Na prática, mudou o nome para Auxílio Brasil, mas o objetivo parece continuar o mesmo.
Outro tema trazido por Ciro Nogueira foi o gasto do Governo com propaganda. Disse o Ministro: “Esse governo faz um trabalho social de verdade. Não é um governo que fica se gabando, como acontecia no passado. Compare o que o Governo Federal gasta em propaganda, em mídia nas televisões e nos jornais com o que o governo anterior gastava. É incomparável a diferença do que o governo federal prioriza na vida das pessoas, que é investir em segurança, em saúde, em educação e infraestrutura ao invés de estar gastando com propaganda nas tvs e talvez por isso ele apanhe bastante”.
Mas, não é bem assim. Dados da Secretaria Especial de Comunicação Social do Governo Federal mostram que entre janeiro de 2019 e junho deste ano foram gastos R$ 258 milhões em publicidade nas tvs brasileiras. A Globo, por exemplo, foi a que mais recebeu recursos em 2021, chegando a 65,5 milhões para campanhas publicitárias. Isso não amenizou o fato dele apanhar, como sugere o Ciro Nogueira.
Outro levantamento, em novembro de 2021, mostra que “o total de gastos da Secom sob Bolsonaro com todas as empresas de mídia, não apenas de TV, somava, até então, R$ 488,8 milhões — cerca de R$ 162,9 milhões por ano. Na gestão de Michel Temer (MDB) foram R$ 190,7 milhões por ano, enquanto na de Dilma Rousseff (PT) a média anual de gastos foi de R$ 146,1 milhões, no primeiro mandato, e R$ 140,2 milhões, no segundo”.
Reportagem da VEJA (29,jun,2022) informa ainda que: "o governo Jair Bolsonaro tem publicado, neste ano, dados com lacunas de informação sobre o dinheiro gasto em peças de publicidade oficial. Diferentemente de anos anteriores, quando as informações eram atualizadas com regularidade em todas as categorias, a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) não publicou nenhuma informação sobre propagandas veiculadas no cinema e em jornais". Este fato foi admitido pela Secom.
Se levar ao pé da letra o que disse Ciro Nogueira, então o Presidente Jair Bolsonaro estaria pagando para apanhar.
Fonte: Wesslley Sales