A força do chamado Centrão e sua habilidade nos bastidores do poder projetou o Senador Ciro Nogueira (PP-PI) em uma escalada que o levou a ser o Ministro mais importante do governo Jair Bolsonaro (PL). Mas, esse é um trabalho que vem de longe. Como Presidente do Progressistas e o controle de quase 50% do parlamento para aprovar e garrotear presidentes fortaleceu o Ministro da Casa Civil nos governos Lula, Dilma e Temmer.
Agora, relatórios da Polícia Federal desnudam as relações entre Ciro Nogueira e empresários, ao tempo em que revelam que um dos cargos estratégicos para se chegar a postos chave em qualquer governo passava pela chefia de gabinete do então Senador da República. O inquérito que investiga pagamento de propina é robustecido por um áudio gravado pelo empresário Joesley Batista, como mostra trecho de reportagem do O Antagonista.
“Um cara de bom senso. Meu menino, ele era meu chefe de gabinete, eu botei ele lá (…) E ele conseguiu se entrosar lá”, Ciro referia-se a Alexandre Cordeiro, que teria sido indicação sua para Presidência do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Desta forma, o Senador tentava tranquilizar Joesley sobre problemas de sua empresa (J&F) com o órgão.
De acordo com o inquérito da Polícia Federal, em 2014 Ciro Nogueira teria recebido R$ 5 milhões da J&F em propina para apoiar a reeleição de Dilma Rouseff (PT).
O OUTRO MENINO DE NOGUEIRA
Paralelo a este inquérito da Polícia Federal, uma outra grave denúncia também envolve um apadrinhado do Ministro piauiense. Ricardo Ponte, que atualmente ocupa a Presidência do FNDE (Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação), também foi chefe de gabinete de Ciro Nogueira no Senado.
O escândalo agora envolve a construção de “escolas fakes” com o único objetivo de captar aliados para fortalecer Bolsonaro principalmente no Nordeste e beneficiar parlamentares em seus redutos eleitorais através de emendas ao chamado “orçamento secreto”.
O esquema funciona através do anúncio de promessas de construção de escolas que não tem previsão orçamentária, ou seja, não tem como serem feitas. De acordo com o Estado de São Paulo, para dar conta do compromisso de duas mil novas escolas seriam necessários R$ 7.6 bilhões, mas o FNDE tem apenas R$ 114 milhões em seu orçamento. Se priorizado recursos para este fim, outras 3.5 mil unidades escolares ficariam inacabadas.
O Ministro Ciro Nogueira evita entrar nestas polêmica. Pelas redes sociais faz críticas ao PT, ao governo do Piauí e a Lula e elogios ao governo Bolsonaro. Apenas, através de seus advogados, uma nota nega qualquer recebimento de propina e reafirma: "A defesa técnica do Ministro Ciro Nogueira estranha o relatório da Polícia Federal, pois a conclusão é totalmente baseada somente em delações que não são corroboradas com nenhuma prova externa. Até porque a narrativa das delações não se sustenta".
Fonte: Wesslley Sales