Esta semana uma ação da Força Tarefa da Secretaria de Segurança encontrou, por acaso, um local onde aparentemente havia uma rinha de galos. Acionada, a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente iniciou as investigações. De imediato uma conclusão pode ser tirada, o suposto proprietário dos animais na verdade possuí uma espécie de hotel para as aves que, pelo valor impresso nas baias, somente pessoas com alto poder aquisitivo podem manter. (Veja aqui o momento em que os policiais chegam ao local.)
Em um passado recente os bastidores da "high society" teresinense tinha entre os apreciadores da briga de galos policiais militares de alta patente, empresários, profissionais liberais, jornalistas e políticos. As apostas costumam envolver grandes cifras. Tudo pelo prazer de algo que está longe de ser um esporte. Se para quem assiste e participa é diversão, para os animais é maus-tratos e morte, um crime previsto em Lei. As rinhas chegaram a ser levadas para Timon-MA após algumas ações da polícia, mas agora parecem retornar de vez para a capital piauiense.
No caso desse hotel, que funcionava em uma casa na Vila Cristalina, zona Norte de Teresina, 85 galos foram encontrados, alguns amarrados e vendados, outros bastante feridos e ensanguentados, quatro estavam mortos. Em algumas baias estavam sinalizados valores que chegam a R$ 200 por semana, uma espécie de aluguel que mostra que os verdadeiros proprietários tem dinheiro para bancar a “brincadeira” mortal. Em rinhas como essa o valor de uma boa ave no mercado especializado pode passar de R$ 20 mil.
Os galos normalmente recebem altas doses de anabolizantes, são levados ao estresse e treinados para lutar. Nos tornozelos esporões e lâminas que cegam e matam de forma impiedosa o oponente que depois é simplesmente descartado. Há informações que em alguns casos a carcaça do animal é dada para cães. A crueldade e o prazer de apostar na morte não tem limites.
Acompanhado pelo seu advogado o suposto proprietário foi ouvido na DPMA e agora há possibilidade do Delegado Emir Maia, que foi acionado pelo policial civil Amarildo a entrar no caso, venha a pedir a quebra de sigilo telefônico e telemático para chegar aos verdadeiros envolvidos nas rinhas. “Não vamos parar a investigação”, sentenciou o Delegado.
Quanto aos galos, alguns morreram e boa parte está muito debilitada. 20 deles ficaram no Zoobotânico de Teresina que alegou não ter estrutura para receber a todos. 61 animais ficaram sob a responsabilidade de três depositários fiéis. A dificuldade é que como estão condicionados a brigar as aves não podem ficar juntas.
Esse é apenas um retrato triste da crueldade que o homem pode chegar. Não adianta ter dinheiro, educação, cultura ou pagar o dízimo. Sem a humanidade e empatia com o próximo e com os animais, não seremos mais do que uma caricatura mau acabada da criação original.
Fonte: Wesslley Sales