Ponte Juscelino Kubistheck, o elo de ligação entre o centro e a zona leste de Teresina. Uma mulher fazia a pé o trajeto sozinha pela passarela protegida apenas por um guarda-chuva do escaldante sol de 9:30 do nosso conhecido B-R-O-BRÓ. Indiferente, ela passa entre cruzes e bandeiras preparadas para o 7 de Setembro.
O que esta mulher tem a comemorar no dia em que celebramos a Independência do Brasil? Gostaria de ter parado e perguntado a ela, mas não foi possível.
O fato é que milhares de pessoas devem ir às ruas em todo Brasil não para desfilar, como no passado faziam estudantes, forças armadas e policiais, mas para protestar. É mais um capítulo da histérica disputa entre direita e esquerda que deixa neste dia o mundo virtual para se espalhar por ruas e avenidas.
Uns, em nome de uma tal “liberdade”, mas que na verdade tem como pano de fundo apoiar o Presidente da República e demostrar força na queda de braço com Supremo Tribunal Federal e o Congresso. Outros, dizem que é pelas vidas perdidas na pandemia e pela atual situação do país com desemprego batendo recorde, privatizações, perda de direito dos trabalhadores e ataques à democracia. Na prática o movimento tem apenas um objetivo, gritar “fora Bolsonaro”.
As manifestações são legítimas e esperamos que sejam pacíficas, algo que não parece combinar com os extremos que se apresentam. O Brasil vive um racha provocado por Lula e Bolsonaro que, como mestres enxadristas, movem suas militâncias neste tabuleiro político. Mas, o que está em jogo não é a liberdade de expressão, não são os direitos e muito menos o respeito à Constituição e à democracia.
Tudo gira em torno da conquista ou permanência no poder, algo que precisa ser alimentado para a disputa eleitoral do próximo ano. Nesta balada, direita e esquerda dizem estar com o povo ao seu lado. Mas, que povo é esse? Encher as ruas de militantes não garante nenhuma vitória nas urnas para quem quer que seja. Mostra apenas poder de organização e mobilização de seus militantes.
O problema é que os extremos estão buscando a qualquer custo vencer essa guerrilha, deixando de lado o bom senso e a “Ordem e Progresso” estampados em nossa bandeira. A questão é grave e pode levar o país a um abismo ainda maior.
Quanto àquela senhora que falamos no início deste artigo, certamente ela vive dias em que lhe falta o transporte público, a perversa inflação acabando ainda mais com poder de compra dos mais pobres, preço dos alimentos, da energia elétrica e gás de cozinha explodindo e incapacitando famílias a terem mais conforto. Ela, assim como a grande massa de brasileiros, está calada e observando, até aqui indiferente aos extremos.
Fonte: Wesslley Sales