“Em novembro de 2020, uma repórter foi cercada e agredida por populares numa praia de Florianópolis apenas por mostrar o descumprimento de normas sanitárias exigidas durante a pandemia de Covid-19. Em junho de 2021, o presidente da República se negou a responder à pergunta de outra jornalista em Guaratinguetá, e, aos berros, mandou que ela calasse a boca. Em fevereiro deste ano, uma equipe de televisão foi impedida de cobrir os protestos de policiais e agentes de segurança em Belo Horizonte”, este é um dos trechos do dossiê Ataques ao Jornalismo e ao seu Direito de Informação.
O relatório produzido pela Federação Nacional dos Jornalistas e Observatório da Ética Jornalística da Universidade Federal de Santa Catarina, foi divulgado nesta terça-feira (3), quando se comemora o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. O resultado para o Brasil é um vexame internacional. Por aqui, a violência contra os profissionais da imprensa cresceu e atingiu níveis alarmantes em 2021.
De acordo com o dossiê, apenas no ano passado foram confirmados 430 casos de violência contra jornalistas (verbais, físicas, ofensas e ataques online, entre outros). Esse número representa um aumento de 425,7% em relação a 2017, um vergonhoso recorde desde 1998, quando a FENAJ iniciou esse tipo de levantamento. O relatório aponta ainda as principais formas de agressão: censura (32,56%), descredibilização (30,46%), agressões verbais e ataques virtuais (13,49%), ameaças e intimidações (7,67%) e agressões físicas (6,05%).
“Três dos perfis listados como os principais agressores do jornalismo brasileiro fazem parte do bolsonarismo. O próprio Bolsonaro, os dirigentes da Empresa Brasil de Comunicação-EBC, nomeados pelo Presidente da República, e manifestantes identificados como apoiadores do Presidente estão no topo do ranking dos agressores. Juntos, respondem por 71,86% dos registros. A descredibilização é um instrumento largamente utilizado por políticos e alguns de seus seguidores mais exaltados, e é um modus operandi da extrema-direita mundial. Exatamente por isso é uma estratégia bastante utilizada pelo Presidente Jair Bolsonaro, seu entorno e subordinados, além de militantes do bolsonarismo”, analisa o dossiê, que traz ainda a jornalista como uma das principais vítimas de agressões, chegando a 119 ataques de gênero em 2021.
O que se observa diante deste cenário é que quem mais clama por liberdade de expressão também são os que mais atacam a liberdade de imprensa no Brasil. E não é difícil de constatar esta realidade. Basta acompanhar alguns perfis no Twitter. Alguns artigos que publicamos no OPINIÃO E NOTÍCIA, por exemplo, estão entre os ataques ao jornalismo profissional e que certamente ficam fora da estatística de tentativa de descredibilização e agressões verbais as quais temos sido vítima.
PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO
Este foi outro tema abordado pelo dossiê Ataques ao Jornalismo e ao seu Direito de Informação. A FENAJ mostra que a precarização aumentou entre 2012 e 2021. Entre os principais problemas estão as relações trabalhistas, acúmulo de funções, informalidade, falta de folgas, assédio moral e baixos salários.
“De 3.100 participantes do estudo representativo da categoria no Brasil, 24% possuem vínculos considerados precários, como pessoa jurídica, MEI (microempreendedor individual), freelancer e prestação de serviços sem contrato. Para 42,2%, a carga horária de trabalho superava oito horas diárias”, diz o relatório.
CONFIRA NO LINK O RELATÓRIO COMPLETO:
DOSSIE Ataques ao Jornalismo e ao seu Direito de Informação.pdf
Fonte: Wesslley Sales