A criminalidade literalmente explode em todo o país. São cenas chocantes, como o de uma senhora que, semana passada, foi agredida e arrastada por dois bandidos em uma motocicleta sem São Paulo por causa da bolsa. Em Teresina, a ousadia é tanta que nem mesmo policial escapa de assalto, como na Vila Irmã Dulce, em julho deste ano. Cabo Edmar acabou baleado e teve farda e pistola levados pelos criminosos. Apesar disso, não se teve notícias de órgãos ligados aos direitos humanos agindo em socorro às vítimas, nem lá, nem cá.
Porém, esta semana, uma ação conjunta da Polícia Militar de Minas Gerais e a Polícia Rodoviária Federal, pôs fim a uma quadrilha inteira de assaltantes de bancos que agem na modalidade “novo cangaço”. Ao todo 25 criminosos perderam a vida no confronto, 19 já foram identificados. No local, um sítio na cidade de Varginha, um vasto arsenal com explosivos, coletes a prova de balas, fuzis e grande quantidade de munições. Até mesmo uma arma de guerra, uma .50 com capacidade de varar um veículo blindado, estava em poder do bando.
“Graças a Deus os policiais passam”, registrou o tenente-coronel Flávio Santiago, chefe da assessoria da PMMG. Pelo Twitter o Governador de Minas Gerais, Romeu Zema, comemorou o resultado da ação. "Em Varginha, a PMMG ao lado da PRF, antecipou bandidos do chamado 'novo cangaço', em uma das maiores operações da história no combate a esse tipo de crime. Parabéns a todos heróis envolvidos!”. Foram estopins para uma representação do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos de Minas Gerais.
Em nota, o Conselho diz que: “Chama-nos a atenção o fato de a mídia noticiar um confronto altamente armado no qual uma das partes foi “totalmente eliminada”. Também nos surpreende o registro midiático de declarações exaltadas de agentes públicos louvando o “resultado” da operação, com intuito duvidoso, como se fosse prática exitosa, regular e legítima no Estado Democrático de Direito suposta estratégia de eliminação de adversários em confrontos. Lembramos às autoridades mineiras, responsáveis pela garantia do direito à segurança, que o uso da força deve ser aplicado quando estritamente necessário e que a força letal deve ser usada como último recurso e somente nos casos em que haja ameaça iminente à vida ou ferimentos graves, conforme dispõe ampla legislação nacional e internacional sobre o uso legítimo, proporcional e necessário da força por agentes públicos”, diz um trecho.
Claro, não que todos tem seus direitos. Porém, vale lembrar que policiais civis e militares em todo o país tem até receio de puxar a arma para revidar ataques. Além do possível inquérito no âmbito da PC ou PM, pode ser alvo do próprio órgão de direitos humanos. Há casos onde um suspeito, mesmo com várias passagens, conseguem sair da Central de Flagrantes antes mesmo de do agente da lei terminar de preencher os papéis. Muitos, se sentem constrangidos em audiências de custódia ao serem colocados frente a frente com o criminoso preso em flagrante, muitas vezes com armas e drogas, mas que sairá dali para casa nem que seja com uma tornozeleira apesar de responder a vários processos pelo mesmo crime.
Os excessos, claro, tem que ser combatidos e aqueles que cometem irregularidades, mesmo que fardados e com a arma cautelada do Estado, devem pagar por seus crimes. Mas, o sentimento é de que bandido parece ter mais acolhimento que os policiais. Na OAB-PI, por exemplo, existe uma Comissão de Direitos Humanos da pessoa vítima, porém, até onde se sabe, nem esta representação nem de qualquer outra instituição, costuma se manifestar ou se sensibilizar quando o vitimado é um PM ou PC.
O espaço está aberto para manifestações contrárias.
Fonte: Wesslley Sales