“Nada é mais certo neste mundo do que a morte e os impostos”, disse o diplomata e jornalista americano Benjamin Franklin a mais de 230 anos. Nunca foi tão atual para o Brasil. Independente de guerras e do período da pandemia o cidadão não aguenta mais sustentar toda a pesada máquina estatal.
Até quem é ruim de matemática como eu sabe que a conta não fecha. A previsão do salário mínimo na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) é de R$ 1.310,17, um aumento de apenas R$ 98,17. Para chegar a este valor é usado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que chegou agora a 8,1%. Vale lembrar que a inflação foi de 1,06% em abril, a mais alta para o mês desde de 1996. No acumulado de 12 meses, os preços já subiram, em média, 12,13% em um Brasil de juros e desemprego altos.
Esse cenário, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) impacta principalmente no bolso das famílias que ganham menos. Para piorar, existem os setores que tem inflação própria e nos atingem em todo o corpo. 61% do salário mínimo é gasto com a cesta básica, onde produtos tem reajustes próprios, como a carne que subiu mais que o dobro da inflação; planos de saúde individuais tem reajuste autorizado de 15,5%. Reajuste da energia elétrica desde o ano passado varia de 7% a 24%; medicamentos subiram 10,89%. Estes são apenas alguns de tantos exemplos de produtos e serviços que correm nosso bolso com autorização do Governo Federal.
Em linhas gerais, somente em 2002 nós já pagamos mais de R$ 1 trilhão em impostos, taxas e contribuições aos governos federal, estaduais e municipais. Agora, a briga de estados e municípios é para não perder arrecadação após aprovação na Câmara dos Deputados da cobrança fixa do ICMS de 17% sobre combustíveis. Estima-se que a perda será, só no Piauí, de R$ 1 bilhão/ano. Porém, o Governo Federal arrecadou em abril R$ 195 bilhões (+ 10,9%, melhor desempenho em 28 anos). Os estados não ficam atrás, nos primeiros quatro meses deste ano foram R$ 41 bilhões arrecadados (36%, maior em 23 anos).
De onde veio esse impacto positivo para os cofres públicos? Exatamente dos impostos que pagamos em cima dos combustíveis, que chegou a 142% no período. Chega. O lombo de quem sustenta as pesadas máquinas estatais está no osso. É hora dos governos municipais, estaduais e federal fazerem o sacrifício que tanto nos impõem e cortar na própria carne, que diga-se de passagem, continua sendo a nossa porque já pagamos por ela.
Como diria Margaret Thatcher, ex-primeira-ministra britânica: “Não existe dinheiro público. Existe apenas dinheiro do pagador de impostos”.
Fonte: Wesslley Sales