A infantilidade de Sérgio Moro em deixar o Podemos valeu um balão do União Brasil em suas pretensões de disputar a Presidência da República. Apesar das pesquisas o mostrarem distante da polarização entre Bolsonaro (PL) e Lula (PT), em média 7%, era o pré-candidato da chamada terceira via em melhores condições.
Mas, contra ele pesava o fato de ser o pré-candidato que tirava votos exatamente do Presidente da República. Isso acendeu o sinal amarelo no União Brasil. O partido está rachado. A banda do DEM, liderada por ACM Neto, tem tendência a apoiar Lula. Já a ala PSL, comandada por Luciano Bivar, busca aproximação com o Palácio do Planalto.
Moro foi fritado. E, para dourar a pílula, o escolhido para representar o partido na terceira via formada pelo Cidadania, MDB e PSDB foi o do próprio Presidente do União Brasil. Luciano Bivar disputará com Simonte Tebet (MDB) e João Dória ou Eduardo Leite, ambos do PSDB, a indicação de pré-candidato no dia 18 de maio.
Simone Tebet também não deslancha e, nas pesquisas patina em 1%, 2% das intenções de voto. Apesar de emedebistas históricos, como o senador piauiense Marcelo Castro, falarem em apoio, na verdade ela também está sendo fritada. O partido quer estar com Lula. No ninho tucano, a briga fratricida entre Dória (3% da preferência do eleitor) e Eduardo Leite enfraquece o PSDB. De uma forma ou de outra todos os pré-candidatos enfrentam traições e tentativas de implosão dentro de seus próprios partidos.
Mas, o que faz candidatos com chances tão baixas buscarem disputar a Presidência da República?
No caso desta banda do Centrão é manter uma forte bancada federal para a próxima legislatura e, com isso, estar de mãos dadas com o poder, independente de quem vá sentar na cadeira presidencial. Assim, a ideia é manter viva a chama da terceira via no primeiro turno para, em caso de segundo turno, se aproximem de quem se sair melhor nas urnas ou vender a peso de ouro apoio a um dos candidatos.
CENTRÃO BOLSONARISTA
Do outro lado, Partido Liberal, Progressistas e Republicanos e PTB que formam o atual Centrão bolsonarista. Apesar de “fechados” com o Presidente, não contam com adesão em massa das lideranças nos estados e municípios.
No Piauí, por exemplo, o Progressistas evita falar em Jair Bolsonaro para não “contaminar” sua rejeição a candidatura de Sílvio Mendes (UB) ao Governo. Republicanos liberaram suas bases. PL e PTB buscam fortalecer o discurso do Presidente, mesmo com baixa representatividade bolsonarista raiz entre seus líderes, mas também não devem contar com apoio maciço de suas lideranças no interior.
No fim, esses partidos buscam permanecer ao lado da caneta. Na próxima legislatura, a depender do resultado das urnas, este bloco partidário estará ainda mais fortalecido e com muita sede de poder. Aqueles que estiveram ao lado do vencedor desde o início, claro, farão parte do exército de ocupação. Não se pode esquecer que foram de lideranças desses partidos que saiu a decisão de reeleger Dilma Rouseff (PT), mas também de cassar seu mandato. Com o peso que tem no Congresso todos serão acolhidos mais cedo ou mais tarde. É isso ou mais um mandatário será garroteado pelo Centrão.
Fonte: Wesslley Sales