Não é de hoje que o Presidente da República tenta jogar o país contra a justiça eleitoral. Sem apresentar nenhuma prova Jair Bolsonaro fervilha a cabeça e o coração de seus seguidores afirmando que as urnas eletrônicas são fraudáveis e, por isso, pressiona para que seja adotado voto impresso.
Sua própria eleição à Presidência, em 2018, seria uma fraude? Segundo o próprio Jair Bolsonaro, sim.
“Eu fui eleito no primeiro turno. Eu tenho provas materiais disso. Mas a fraude, que existiu, sim, me jogou para o segundo turno. Outras coisas aconteceram e só acabei ganhando porque tive muito voto, e algumas poucas pessoas que entendiam de como evitar ou inibir que houvesse a fraude naquele momento, nos elegemos", disse ele durante Culto Interdenominacional das Igrejas de Anápolis, do qual participou no dia 9 de junho deste ano. O trecho foi retirado de uma reportagem no Correio Brasiliense.
Jair Bolsonaro deixa uma dúvida no ar: “(...) pessoas que entendiam como evitar ou inibir que houvesse fraude (...)”. Como assim? Então, houve uma fraude paralela na eleição que ele disse ser fraudada?
Até o momento o Presidente da República não apresentou nenhuma prova de fraudes eleitorais e agora suas acusações passam a ser combatidas mais fortemente pelo Supremo Tribunal Federal e o próprio Tribunal Superior Eleitoral que, nesta terça-feira (2) abriu um inquérito administrativo.
Na prática serão apurados todos os fatos que possam configurar crime eleitoral, desde o abuso de poder econômico e político, uso indevido dos meios de comunicação social (fakes), corrupção, fraude, condutas vedadas a agentes públicos e propaganda antecipada, em relação aos ataques contra as urnas eletrônicas. Durante esta ação o Presidente da República novamente deverá ser inquirido a comprovas as denúncias que faz sobre o sistema eleitoral.
Bolsonaro também deve passar a investigado no chamado “inquérito das fake news” presidido pelo Ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal. A notícia-crime foi oferecida pelo Presidente do TSE, Ministro Roberto Barros com base na live feita pelo Presidente da República na última quinta-feira (29), onde teria voltado a atacar o sistema eleitoral e apresentado vídeos de supostas fraudes, já desmentidos pela justiça eleitoral.
Diante de todo este cenário e da polarização entre Bolsonaro e Lula será difícil prever o que pode acontecer não apenas em 2022, mas nos próximos dias caso não seja aprovada a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do voto impresso. Os ânimos estão exaltados e, como sempre, militantes bolsonaristas e lulistas sendo insuflados a brigar pelos seus líderes, mesmo que a verdade dos fatos seja apenas uma mentira sincera que lhes interesse.
Confira aqui a decisão do TSE e aqui o ofício relativo ao encaminhamento de notícia-crime ao STF.
Fonte: Wesslley Sales