Ainda é memória recente em muitos que viveram a ditadura militar no Brasil. Para outros, as lembranças vem em forma de vídeos, depoimentos e reportagens que nos mostram que aquele golpe, com a deposição de João Goulart em 31 de março de 1964, teve o apoio americano desde o seu início com a Operação Brother Sam. Este triste capítulo da nossa história findaria apenas 36 anos depois com a redemocratização do país com a eleição de Tancredo Neves (com sua morte assumiu o vice, José Sarney) e uma nova Constituição em 1986.
Esta palavra, “golpe”, voltou a ser muito presente nos dias atuais. Na Presidência da República temos um militar da reserva, o Capitão do Exército Jair Bolsonaro e o General Hamilton Mourão. Os militares cresceram no entorno do comandante-em-chefe das forças armadas, o que é natural. Porém, há um movimento que parte do próprio Governo Federal, sem nenhuma prova, tentando desacreditar o sistema eleitoral brasileiro. Marinha, Exército e Aeronáutica estariam sendo usadas para dar “autenticidade” a um ataque antidemocrático a instituições e pessoas?
Não é raro em manifestações a favor do Presidente faixas que pedem “intervenção militar com Bolsonaro no poder” ou ainda “fechem o STF e o Congresso Nacional”. O próprio líder da nação comemorou o golpe de 1964 e posou ao lado de uma faixa que dizia: “Parabéns, militares. 31 de março de 1964. Graças a vocês o Brasil não é Cuba”.
Este é um dado interessante. Em 1964 o golpe militar teve apoio americano exatamente porque estávamos em meio a uma guerra fria. O mundo era dividido entre capitalistas e comunistas. Naquele período, o Brasil iniciava tratativas econômicas com China e Cuba, exatamente inimigos dos EUA.
Quando Lula chegou a Presidência da República em 2003 iniciou-se outro movimento nesse sentido, só que desta vez o comunismo seria implantado e o país transformado em uma Venezuela. Desde que chegou ao poder Jair Bolsonaro não deixa de levantar essa tese para manter políticos, apoiadores e partidos de esquerda satanizados. Com a globalização, tratados com países como China e Cuba são comuns em qualquer parte do mundo.
Mas, teria chances de um golpe militar como aconteceu em 1964? Pouco provável. Apesar de parte dos militares que orbitam em torno do Presidente talvez terem isso em mente, outra parte das forças armadas não quer ouvir falar nisso. Por outro lado, o Estados Unidos dificilmente apoiaria essa aventura. O Brasil tem instituições sólidas, três poderes devidamente constituídos e democracia consolidada por eleições seguras. O governo americano já declarou isso em maio deste ano.
Portanto, sem apoio dos EUA, golpe no Brasil é uma falácia tão grande quanto dizer que o país pode ser levado ao comunismo e transformado em uma Venezuela. Neste caso, nenhum Presidente da República conseguiria mudar nosso regime político exatamente pela falta de suporte das Forças Armadas brasileiras. Como se vê temos um único caminho, o democrático encontro com as urnas no dia 02 de outubro de 2022.
Fonte: Wesslley Sales