A aprovação da medida provisória que organiza os ministérios do governo Lula na Câmara dos Deputados marca um importante passo para a administração atual. No entanto, vale ressaltar o papel significativo do presidente da Câmara como uma espécie de governo paralelo. Após a votação Arthur Lira (PP-AL) enfatizou que o governo "terá que andar com suas pernas e não haverá nenhum tipo de sacrifício dos parlamentares” daqui para frente.
Essa disputa por poder que tem no Presidente da Câmara peça central vem de longe. Aconteceu nos governos de Dilma Rousseff (PT), de Michel Temer (MDB) e de Jair Bolsonaro (PL) que literalmente foram garoteados pelo legislativo e obrigados a abrir concessões, principalmente emendas e cargos no primeiro escalão. Exemplo disso foi o resultado da votação que acabou na madrugada desta quinta-feira (1) onde foram intensas as negociações, com o próprio presidente Lula envolvido nas conversações e garantindo liberação de um valor recorde de R$ 1,7 bilhão em emendas parlamentares.
Outro detalhe importante é que apesar da vitória, Lula está longe de ter uma base consolidada no Congresso. Pelo menos é o que se pode extrair do que disse Arthur Lira. A votação revelou um cenário diversificado, com partidos como MDB, PSD e União Brasil apresentando 20 votos contrários à medida. São partidos que tem ministros indicados no Governo.
Para o Presidente da Câmara isso é reflexo do que ele chama de independência dos líderes partidários, principalmente os que não estão na base de apoio, mas que reconheceram a necessidade de dar mais uma oportunidade ao Planalto.“O governo tem a consciência que a acomodação política não está feita”, disse Lira ao final da votação da MP.
VOTAÇÃO:
Por uma margem significativa de votos, com 337 a favor e 125 contra foi aprovada a Medida Provisória que organiza os ministérios do governo Lula. Agora, o texto segue para o Senado, onde deve ser aprovado até as 23h59 desta quinta-feira para evitar a perda de validade.
A MP, que cria novos ministérios e redistribui órgãos e atribuições entre as pastas, é vista como uma carta de crédito ao governo Lula, fornecendo-lhe uma oportunidade de estruturar seu governo de acordo com suas diretrizes. Caso a medida não seja aprovada pelo Senado, a estrutura ministerial retornará ao formato do ex-presidente Jair Bolsonaro, com 23 ministérios, em contraste com as atuais 37 pastas na Esplanada.
No entanto, mesmo com a aprovação na Câmara, a estrutura original proposta pelo governo Lula sofreu modificações, principalmente nos ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, o que gerou insatisfação entre alguns setores. Essa insatisfação reflete uma realidade em que a articulação política do Planalto enfrenta desafios e enfrentará a necessidade de buscar uma maior coesão interna para obter dias mais tranquilos.