Será que o Auxílio Brasil (antigo Bolsa Família) ampliado e turbinado para R$ 400 garantirá apoio dos nordestinos para reeleição de Jair Bolsonaro? Até aqui, não. Mas, está no início e por isso, muito cedo para uma resposta segura sobre esta grande aposta eleitoral do Governo Federal. O fato é que, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada em novembro do ano passado, o Presidente tinha taxa de rejeição de 60% e a menor de aprovação entre as regiões do país, apenas 16%.
Já o Datafolha, confirmou em pesquisa divulgada em 14 de dezembro, que Jair Bolsonaro alcança 67% de rejeição no Nordeste. Não é uma situação fácil, tomando por base essas análises. Fica ainda pior se olharmos para a eleição 2018 no Piauí. O Presidente obteve apenas 346.944 votos (18,76%) no primeiro turno e 422.095 votos (22,95%) no segundo, bem atrás do desconhecido Fernando Haddad (PT) que fechou o pleito com 1.417.113 votos (77,05%) no estado, segundo dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral.
Então, como esconder um peso negativo como esse? Esta é a missão do maior fiador da reeleição de Bolsonaro no Piauí, o Ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), comandante do grupo de oposição ao Governador Wellington Dias e ao ex-Presidente Lula.
Se Sílvio Mendes (ainda no PSDB) for o candidato ao Governo não terá como desvincular seu palanque e imagem do Presidente da República. Isso é algo que traz desconforto para o ex-Prefeito de Teresina. Talvez este seja um adversário que mais preocupe do que o próprio pré-candidato governista, Rafael Fonteles (PT).
Ciro Nogueira, Júlio Arcoverde e o próprio Sílvio Mendes evitam aprofundar este tema. Em voz decorada a resposta é quase sempre a mesma: “Nosso principal objetivo é cuidar do Piauí”. Ressaltando sempre a união da oposição. Há ainda a crença de que um milagre econômico dê vida nova ao Presidente.
Para o vice-Prefeito de Teresina, Robert Rios (ainda no PSB), a estratégia de Ciro Nogueira é que a terceira via sonhada por Dr. Pessoa (ainda MDB) assuma o ônus e o peso da candidatura de Jair Bolsonaro (PL). Seria essa uma tentativa de descolar a imagem de Sílvio Mendes ou Iracema Portella do Presidente da República. Vale lembrar que a articulação para que o Prefeito e seu grupo assumissem o Partido Liberal foi exatamente do Ministro da Casa Civil.
Ainda é muito cedo para traçar todos os cenários, principalmente em se tratando de política. Mas, o ex-lulista Ciro Nogueira terá que mostrar toda habilidade para fazer do Presidente da República uma mercadoria boa de se vender no Piauí. Capacidade ele tem. Porém, até aqui, a sensação é de que por aqui ninguém quer atrelar a marca Bolsonaro em suas campanhas.
Fonte: Wesslley Sales